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Pesquisa mostra que parte da comunidade LGBT+ de Porto Alegre evita gestos de afeto em público

Levantamento realizado pelo VoteLGBT, em parceria com a ONG Somos, aponta lugares seguros para a população LGBT+ porto-alegrense



A organização VoteLGBT, em parceria com a ONG Somos, divulgou nesta terça-feira (13) um levantamento inédito de dados sobre a população LGBT+ de Porto Alegre, incluindo um mapa colaborativo de espaços seguros. Em um evento fechado para imprensa e ativistas LGBT+, a organização também lançou um festival de cinema voltado para a produção de curta-metragens sobre lideranças LGBT+ do estado do Rio Grande do Sul. 




Índice de Conforto na Cidade


A pesquisa ouviu 473 pessoas que participaram da Parada Livre de Porto Alegre, em 10 de dezembro deste ano, além de entrevistar 15 lideranças LGBT+ sociais e políticas do território. 

A pergunta “Em uma escala de 1 a 5, de quão confortável se sente sendo uma pessoa LGBT+ na sua cidade, Porto Alegre” foi classificada pelas pessoas da Parada Livre como 4.

Embora o dado pareça positivo, 28% dos participantes admitiram evitar gestos de afeto público por medo de retaliação, ressaltando a existência de desafios que permeiam a vida cotidiana da comunidade LGBT+ em Porto Alegre.


As entrevistadas enfatizaram a presença de uma cena LGBT+ vibrante, com bares e locais de encontro, que servem como pilares fundamentais para a comunidade. Mas, ao mesmo tempo, relatam que esse convívio seguro se dá em “bolhas”, concentradas, principalmente, na região central da cidade, que tem passado por um forte processo de gentrificação e ameaça de fechamento e expulsão. 


Tamyres Filgueira, presente no evento,  comemorou a alta nota da cidade, mas lembrou que ainda existem algumas problemáticas, principalmente pela falta de espaços de acolhimento para o público LGBT+ criados pela prefeitura da cidade e pelo governo do estado. 

"Não basta ser gay, não basta ser lésbica, não basta ser LGBT, não basta ser negro, tem que ter consciência de classe. Tem que saber de onde tu vem e poder defender os interesses do nosso povo", ressalta Tamyres. 


Panorama demográfico da Parada Livre


Grupo Majoritário

  • Mulher Cisgênero (43%)

  • Branca (61%)

  • Bissexual (30%)

  • Solteiro (58,5%)

  • Idade entre 20 e 24 anos (25%)

  • Residente do Rio Grande do Sul (97%)

  • Morador da capital (67,5%)

  • Ensino Superior incompleto (25%)

  • Assalariado (34%)

  • Renda individual entre 1 e 2 salários mínimos (28%)


Grupo Minoritário

  • Homem Trans (3,5%)

  • Amarela (< 1%)

  • Assexual (< 1%)

  • Viúvo ou Divorciado (< 1%)

  • Com 60 anos ou mais (2%)

  • Morador do interior (32,5%)

  • Sem educação formal (< 1%)

  • Trabalhador do sexo (< 1%)

  • Renda entre 10 e 20 salários mínimos (< 1%)



Compromisso com a Representatividade Política LGBT+


Embora 85% das entrevistadas na Parada Livre prefere votar em candidatos LGBT+, 34% não tiveram conhecimento de nenhuma candidatura LGBT+ nas eleições de 2022 em Porto Alegre.

Entre aquelas que tinham conhecimento, 22% optaram por não votar em candidatos LGBT+. As escolhas das que votaram em LGBT+, em 2022, abrangeram deputados estaduais (36%), federais (35%) e governador (28%).


O VoteLGBT utilizará esses dados de forma proativa para impulsionar mudanças positivas em Porto Alegre, fortalecendo a voz e a presença política da comunidade LGBT+, com especial atenção para as eleições municipais de 2024.


“Conhecer mais sobre o movimento LGBT+ vibrante de Porto Alegre é importante para traduzir cada vez melhor suas demandas por políticas públicas e direitos para a disputa político-eleitoral. É preciso que novas lideranças políticas LGBT+ sejam formadas e que elas venham do movimento social e sejam representativas dele”, diz Evorah Cardoso, coordenadora de pesquisa e incidência da ONG VoteLGBT.



Mapa de locais seguros para a comunidade LGBT+


No evento, também foi lançado o Mapa LGBT+ de Porto Alegre, uma ferramenta online e interativa, que destaca cerca de 120 recursos e espaços acolhedores para a comunidade LGBT+, que envolvem cultura, mobilização social, serviços de políticas públicas, contribuindo para uma cidade mais inclusiva e segura. 


Os locais foram indicados pela própria comunidade LGBT+, em plataforma do VoteLGBT e por meio do aplicativo Grindr.




Lançamento do Festival LGBTFlix


O evento contou, também, com o anúncio da chamada para o Festival de curtas metragens focado em contar histórias de lideranças LGBT+ do estado do Rio Grande do Sul. 

Os vídeos poderão ser encaminhados do dia 13 até o dia 26 de dezembro, pelo site do VoteLGBT. Os 10 vídeos vencedores ganharão R$ 100 e serão encaminhados para a votação popular. O mais votado leva um prêmio de R$ 1.000, além de toda a divulgação nos canais de comunicação da ONG. Todos os filmes selecionados serão exibidos na plataforma de streaming gratuita LGBTflix.



Sobre o VoteLGBT


Desde sua criação em 2014, o VoteLGBT tem se dedicado à ampliação da representatividade LGBT+ em diversos espaços, principalmente na política, entendendo que a democracia se constrói com diversidade, de maneira interseccional com gênero e raça. O lançamento do LGBTflix é um passo estratégico nessa jornada, oferecendo não apenas entretenimento, mas um espaço de potência no universo audiovisual para celebrar e divulgar a diversidade e as histórias das comunidades LGBT+. O LGBTflix, portanto, é mais que uma plataforma de streaming: é um instrumento vital para a promoção da visibilidade e voz LGBT+ em um contexto mais amplo de representatividade e direitos.

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